Olá para você que nos acompanha!
Antes de tudo, tenho um aviso importante para dar.
Ele não é ideal, mas esperamos que você compreenda porque nossa intenção sempre foi — e continua sendo! — entregar o nosso melhor trabalho, e é por isso que teremos um intervalo de uma semana entre o envio de hoje e o capítulo final (!!!!) de Estudo, então a história estará de volta dia 29 de março (lembrando que o e-book com o compilado dos capítulos estará disponível a partir dessa mesma data do Catarse, viu?).
O máximo que poderá acontecer é Isabelle Morais, caso ela apronte mais uma com a gente, aproveitar esse intervalo para poder fugir do país. Mas eu e minhas chefas estamos torcendo para que não aconteça, mas se acontecer, a gente divulga o paradeiro dela e… Certo. Nossa advogada avisou que não posso falar mais nada depois disso sem a presença dela porque já estamos enroladas com a polícia da saliência e não podemos nos comprometer ainda mais, mas sei que você entendeu a mensagem.
Enquanto isso, vamos continuar aproveitando os momentos de tranquilidade proporcionados por Isabelle! Aquela primeira parte do capítulo dez foi de aquecer o coração, né? Convenhamos, Aleksey estava merecendo este momento de coração quentinho, com muita paz, amor e carinho, desde Tempestade. Tudo bem que mais da metade dos problemas partiram dele, mas nem eu e nem você estamos aqui para apontar dedos, o importante é desfrutar esses sentimentos porque ninguém sabe o Isabelle Morais vai tirar do saquinho de surpresas dela.
Dito isso, aproveite a segunda parte do décimo capítulo de…
Estudo sobre Amor e outros venenos letais!
Avisos: esta obra de ficção contém/menciona comportamentos tóxicos, quadro depressivo, familiares abusivos e tentativa de homicídio.
Você pode saber mais detalhes sobre termos, apelidos e nacionalidades ficcionais, e outros personagens através do Guia de Leitura.
Em algum momento daquela manhã, Aleksey se perguntou como Ivan e Morena conseguiam ser membros funcionais da sociedade e sair em público sem cometer pelo menos três atentados ao pudor por hora. Ficar ali entre os dois, com Morena usando o peito de Aleksey como travesseiro enquanto Ivan se apoiava na barriga dele era uma sensação inebriante, as pequenas carícias que trocavam acalmando-o, os três oscilando entre adormecer e acordar para recomeçar o ciclo. O cansaço da noite anterior finalmente parecia tê-los alcançado, mas enquanto Aleksey acariciava o cabelo de Ivan descuidadamente como sempre desejara, a fibra grossa acariciando a pele entre os dedos, ele começava a formular planos que os manteriam ali pelo resto do dia.
Depois de algum tempo, Morena bufou, apoiando-se em Aleksey para olhar para ele e Ivan, passando a outra mão no cabelo para controlar alguns fios rebeldes que escapavam dos seus cachos.
— Eu preciso muito, muito, muito fazer xixi. — Morena revirou os olhos, parecendo contrariada com o fato de ter um corpo humano e precisar cumprir suas necessidades físicas, e Aleksey a puxou para mais um beijo antes de soltá-la do abraço.
Ela saltou da cama como uma gata, cobrindo parcialmente os seios como se Aleksey não tivesse gozado pelo menos duas vezes neles na noite anterior, e abaixou-se para pegar a camisola no chão. Com a luz do sol que entrava entre as frestas das janelas, a pele dela parecia reluzir como bronze e o movimento dos quadris ao andar o fez morder os lábios inconscientemente. Morena parou na porta do banheiro e olhou por cima do ombro antes de entrar, comentando como quem não quer nada:
— Se vocês quiserem começar qualquer coisa sem mim, sintam-se à vontade.
A gargalhada de Ivan ressoou contra a pele de Aleksey e foi seguida de um beijinho na barriga. Depois, Ivan se desvencilhou de Aleksey e sentou-se na cama, bebericando um pouco da água que trouxera para a mesa de cabeceira mais cedo e oferecendo um pouco para Aleksey, que recusou, virando-se na cama para observá-lo em silêncio. Também conseguia vê-lo sob a luz do dia: o cabelo preto completamente bagunçado, o nariz reto, as bochechas altas e as sobrancelhas bem-marcadas tornando seu rosto inesquecível; os músculos que desciam pelo antebraço só servindo de complemento para o rosto bonito e acabando em dedos longos. Talvez Aleksey devesse se sentir culpado pelos arranhões vermelhos onde a barba roçara contra a pele de Ivan, mas eram um lembrete delicioso do que tinham feito, e ele nunca se arrependeria de nada da noite anterior.
— Ela é tão fofa, não é? — disse Ivan baixinho, com um tom um pouco sonhador, quase num suspiro.
— Essa seria a última palavra que eu usaria para descrever Morena nessa manhã, mas sim, ela é fofa. — Aleksey riu, e Ivan pareceu constrangido, desviando o olhar para o próprio colo, e Aleksey conteve a vontade de puxá-lo para um beijo e murmurar que ele também era fofo. Ele pressentia que Ivan não receberia aquele elogio muito bem.
— Mas é isso, no fim das contas. Não é algo que você esperaria que ela fosse. Não é algo que ela pode ser normalmente — explicou Ivan, tentando mexer nos anéis que normalmente levava nos dedos, e parando no meio do gesto ao perceber que os dedos estavam nus. — É uma pequena bênção, vê-la assim. É uma pequena bênção poder dar espaço para que ela fique assim.
Aleksey estendeu a mão para segurar a mão agitada de Ivan, erguendo-se na cama para ficar sentado ao lado dele, tendo a impressão distinta de que qualquer comentário que fizesse poderia destruir aquele momento. Ivan olhou para Aleksey parecendo assustado, a dificuldade que ele tinha em entender os próprios sentimentos clara em seu rosto, e Aleksey beijou as costas da mão dele. Ivan suspirou, levando a outra mão ao rosto.
— Eu estou tentando — disse Ivan, e Aleksey não teve certeza se era a respeito de Morena ou um lembrete da conversa que tiveram na noite anterior, quando Aleksey pedira para que Ivan tentasse comunicar seus sentimentos sempre que eles o pegassem de surpresa. — O que estou tentando dizer é que quero compartilhar todas essas pequenas bênçãos com você. Todos os momentos em que ela é tão fofa que não tenho escolha a não ser beijá-la, os momentos de ternura, todas as manhas que ela faz por brincadeira. Eu quero todas as pequenas bênçãos que você pode me dar também, como a forma que você está me olhando agora ou o sorriso que você solta sem nem perceber logo antes de nos beijar. Eu quero aproveitar a pequena bênção que somos nós três, juntos desse jeito.
— E a pequena bênção que é você falar isso para mim, desse jeito?
Aleksey envolveu o rosto de Ivan antes de beijá-lo, sem conseguir acreditar na sorte que tinha de estar ali, de tudo aquilo ter sido real e não ter se dissipado no ar no instante em que abrira os olhos. Sentiu Ivan suspirar contra a boca dele, beijando-o sem nenhum resquício da pressa e do desejo galopante da noite anterior, suave e carinhoso e demorado, como se tivessem a vida toda.
Do banheiro, um barulho de algo caindo e quebrando seguido de uma série de xingamentos muito criativos da parte de Morena assustou os dois, e eles se separaram. Ivan chamou quase imediatamente, aumentando o tom da voz para ser ouvido com clareza através da porta grossa de madeira:
— Morena? Está tudo bem?
— Sim — berrou ela lá de dentro, soltando outro palavrão. — Eu só odeio esse banheiro e esse lugar.
— Você precisa de alguma coisa? — Ivan se levantou e caminhou na direção da porta com uma mão na tatuagem, esfregando a pele de forma descuidada. Aleksey apreciou abertamente a forma como os músculos das coxas e as nádegas dele se moviam e a obra de arte que eram suas costas largas, sem pudor nenhum. — Você se machucou?
— Eu já refiz o jarro — disse Morena, parecendo se afastar da porta, a irritação ainda permeando a voz. — E a minha menstruação desceu. E vou precisar refazer o feitiço para o banho, e eu já te disse o quanto eu odeio esse penico?
Aleksey segurou uma risada, maravilhado com aquela outra bênção, para usar o termo de Ivan. Não era como se Morena tivesse papas na língua quanto àqueles assuntos quando eram amigos — Aleksey tinha certeza absoluta que em algum momento da sua vida decorara o ciclo menstrual de Morena simplesmente por suas reclamações mensais —, mas havia uma camada adicional em estar ali naquela cena tão doméstica, tão íntima, vendo detalhes das dinâmicas dos dois que nunca vislumbrara antes. Ele ganhara acesso à algo que nunca pensou que viveria, a uma cumplicidade que talvez não tivesse nem com Laszlo, mesmo depois dos meses morando juntos.
O sentimento aqueceu seu peito, deixando-o surpreso com o quanto ele gostava daquilo.
Ivan olhou para Aleksey com as sobrancelhas levantadas e uma expressão perplexa muito engraçada antes de perguntar novamente:
— Você quer que eu pegue os paninhos ou…?
— Não, eu já tinha deixado aqui — disse ela, a voz ficando mais alta. Morena entreabriu a porta, olhando para os dois. — Está tudo bem. Continuem fazendo seja lá o que estivessem fazendo. Eu estou bem.
— Tem certeza? — Ivan se inclinou na direção dela, e ela deu um selinho estralado nos lábios dele.
— Você pode me fazer um favorzinho só — pediu Morena com jeitinho. — Mais tarde, faz aquele chá para dor que só você sabe fazer? A cólica vai aparecer e…
— Seu desejo é uma ordem, meu amor — respondeu Ivan, beijando-a novamente antes dela fechar a porta e xingar mais algumas vezes lá dentro, o som de mais coisas caindo a acompanhando.
Ivan encontrou o olhar de Aleksey, ainda com um sorriso leve no rosto.
— Muito fofa — Aleksey provocou com humor, enquanto as reclamações de Morena eram cobertas pelo som da água corrente.
— Cala a boca — Ivan respondeu em um tom de falso ultraje, o rosto fechando de imediato, em um resquício das discussões de adolescência que tinham, dando margem para algo que Aleksey sempre sonhara em falar:
— Vem calar.
Ivan abriu um sorriso lento, lambendo os lábios, quase como um predador. Claramente não era só Aleksey que imaginara aquele cenário, e Aleksey puxou o único lençol que ainda estava usável da cama para se cobrir como se tivesse algum tipo de modéstia, fingindo ficar assustado com a reação de Ivan.
— Ah, mas você adoraria isso, Aleksey. — Ivan se aproximou, apoiando um joelho ao lado de uma das coxas de Aleksey e passando a outra perna por cima, subindo em cima de Aleksey, segurando-o pelo queixo com uma das mãos. Aleksey sentiu a excitação correr pelo seu sangue como um raio, o coração acelerando. — Amaria que eu segurasse seu rosto e te beijasse, aqui, agora. Que eu puxasse os seus cabelos e te colocasse de joelhos na minha frente, usando a sua boca como eu bem quiser. Você ia amar se eu te empurrasse contra essa cama e fizesse você gemer contra um desses travesseiros até você implorar para eu deixar você gozar.
— Ivan. — O nome dele saiu como um gemido, e Ivan se aproximou, ficando a centímetros dos lábios de Aleksey.
— Depois — disse ele, dando um beijinho surpreendentemente doce nos lábios de Aleksey, que soltou um gemido em protesto. — Agora a gente precisa comer alguma coisa, e aquela mocinha vai estar com um humor horrível o dia inteiro.
— Ivan — Aleksey repetiu o nome, segurando-o pelas mãos. — Ninguém precisa de nada disso, vai ser rapidinho.
— Ah, Aleksey, eu não quero fazer nada rapidinho com você. Eu quero tomar todo o tempo do mundo, aproveitar cada segundo e fazer isso durar. Pense em um tipo específico de tortura: a ansiedade para chegar a hora certa — narrou Ivan, acariciando os lábios de Aleksey com um dedo. Aleksey praticamente derreteu nas mãos dele, mas a argumentação dele era irrefutável. — Quando chegarmos em casa, podemos fazer tudo o que quisermos.
Aleksey suspirou e cruzou os braços, contrariado, e Ivan o beijou mais uma vez antes de ficar de pé e começar a recolher as peças de roupa largadas pelo quarto, dobrando-as em cima do sofá. Depois, pegou o lençol sujo que jogaram em algum canto no meio da noite e o colocou em um canto para separarem para a lavanderia, e então recolheu os lenços sujos que Ivan usara para limpá-los durante a noite e juntou os envelopes de tripa de carneiro usados que Aleksey preferia como forma de proteção em um canto, sem saber como descartá-los. Enquanto o observava, Aleksey percebeu um pequeno problema na lógica de Ivan.
— Você esqueceu que a gente não mora na mesma casa — disse Aleksey, ainda com um biquinho, e Ivan se levantou de onde estava ajeitando os sapatos deles em um canto para olhá-lo, com uma ruga na testa.
— Bem, podemos resolver isso facilmente — respondeu Ivan, gesticulando como fazia quando explicava as suas ideias mirabolantes. — Eu posso ir com você para te ajudar a pegar suas coisas no apartamento dos Barabash no Palacete, talvez pedir para o cavalariço lá na casa de Cinnabar? Nunca lembro o nome dele, é aquele baixinho, cabelo vermelho, todo pintadinho na cara?
— Daniel Mariev — ofereceu Aleksey, ligeiramente envergonhado de ainda saber o nome dos empregados da casa de Morena da Capital Vermelha mesmo com todo o tempo que ficara longe.
— Isso mesmo.
— Eu não estou morando no Palacete e não vou me mudar para a casa de vocês. — Aleksey suspirou, passando uma mão no rosto. — Laszlo vai precisar da minha ajuda agora que a sobrinha dele se acidentou, não posso deixar os dois na mão.
— Bem, você pode ir para a casa dele visitá-lo à vontade, não tem problema. — Ivan deu de ombros, entrando no quarto de vestir e saindo de lá carregando duas calças nos braços e jogando uma delas para Aleksey. — Vai ficar apertada nas suas coxas, mas depois eu trago suas coisas para cá e você pode se vestir como quiser.
— Eu não pretendia me vestir hoje — disse Aleksey, pegando o tecido preto e puxando-o para si, segurando-o com força e depois o descartando sem fazer menção de se vestir. Aparentemente seus planos tinham ido pelos ares e a realidade havia perfurado na bolha de felicidade deles como uma bala, estourando-a quase imediatamente com várias questões práticas.
Ele levantou o olhar para Ivan, que acabara de vestir a roupa íntima, perguntando-se o que fizera para dar a impressão de que aceitaria ir morar com eles quase imediatamente. Ele estava parecendo tão necessitado assim? Ou era Ivan que ainda estava na euforia do dia anterior e não refletira mais a fundo? Aleksey tinha sua rotina, tinha seus amigos, tinha uma vida inteira que não envolvia Morena e Ivan, e não podia para só largar tudo e ir para a casa deles. Ele se orgulhava de ingratidão não figurar entre seus defeitos, e não deixaria Laszlo na mão naquele momento. Era fácil achar um meio termo.
Ele preferiria ter adiado as outras praticidades da vida, mas se Ivan insistia, era melhor tratar do assunto logo.
— Ir para a casa de Laszlo é ir para a minha casa, Ivan — disse Aleksey. — É melhor eu visitar vocês quando der.
Ivan congelou as mãos no cós da calça que acabara de subir pelas suas pernas, como se não tivesse entendido. Foi como vê-lo se transformar: os ombros se contraíram, o sorriso suave que exibia antes desapareceu. A expressão ficou completamente em branco, distante, aquela parte tranquila trancada bem fundo no peito. Aleksey franziu a testa, sentindo uma pontada de dor no coração, sem saber interpretar o que acabara de acontecer quando Ivan ficou com a expressão mais neutra possível e voltou a abotoar sua calça com cuidado.
Não era possível que não soubesse que Aleksey estava morando com Laszlo, era? Tinha sido a maior fofoca da Corte durante semanas a fio. Mesmo sem frequentar os círculos sociais, a história deveria ter chegado a Ivan. Deveria ter chegado a Morena, que contaria para ele.
— Você está morando com Poroshenko? — Ivan claramente controlava o tom para sair monótono, mas isso só fez a ideia parecer mais absurda ainda.
Será que Ivan havia propositalmente ignorado aquela informação, só porque não era algo que o agradava? Não seria a primeira vez.
— Sim, Ivan. Tem mais de seis meses, todo mundo que não vive embaixo de uma pedra sabe disso — falou Aleksey em um tom um pouco mais zombeteiro do que esperava, deixando a frustração transparecer na voz. Ivan pressionou os lábios com firmeza, levantando uma sobrancelha, e Aleksey se sentiu impelido a se explicar: — Eu te falei. As finanças do oblast estão péssimas, e Laszlo me ajudou a organizar as coisas. Vendi aquela casa de campo horrorosa no interior e aluguei todas as propriedades, o apartamento no Palacete hoje é a ilustre hospedagem de um emissário estrangeiro vindo de Iris. Eu não tinha onde ficar nem como pagar a manutenção de uma casa, então Laszlo ofereceu um cômodo na casa dele, e eu gentilmente aceitei. Em troca, ajudo ele com o que eu posso.
— Calma aí… deixa ver se eu entendi. — Ivan se sentou na beirada da cama, virado para Aleksey, falando lentamente. — Você ficou sem dinheiro e sem ter onde morar. E, em vez de vir até nós, você preferiu pedir ajuda a um completo desconhecido?
— Laszlo não é um completo desconhecido. — Aleksey riu do absurdo que era aquilo. — Eu o conheço muito bem. Ele é meu amigo, e nós temos um relacionamento, era natural que ele se oferecesse para me ajudar e…
— Você conhece esse homem há o quê? Sete meses? — Ivan cruzou os braços, apertando ainda mais os lábios. — E preferiu ele a nós?
— Ivan, por todos os santos e santas que já pisaram nessa terra, depois do que fiz, eu não ia bater na porta de vocês como um cachorro chutado implorando por ajuda. — Aleksey levou uma mão às têmporas, sentindo a tensão surgir no cômodo. Se a situação fosse com qualquer outra pessoa, acharia fofo a forma como Ivan parecia estar com ciúmes, o tom protetor com Aleksey fazendo o coração acelerar. Ali, era só exasperante. Não imaginou que teria esse tipo de problema, pelo menos não tão rápido. — E eu conheço Laszlo há quase cinco anos. Antes de qualquer coisa ele é meu amigo, e me ofereceu ajuda e aceitei. Não foi você que me disse que eu não deveria lutar sozinho? Laszlo estava lá quando eu precisei e era orgulhoso demais para pedir ajuda para qualquer outra pessoa.
— Aleksey, você poderia ter vindo a qualquer momento. A gente estava esperando que você viesse — rebateu Ivan, desviando o olhar de Aleksey. — Mas você preferiu…
— Ivan — Aleksey o interrompeu, inclinando-se para levantar o rosto de Ivan com os dois dedos apoiado no queixo do outro homem. — Chega, não faz sentido pensar nisso. Entendo você ficar chateado por não estar acostumado a se relacionar com alguém que mora em uma casa diferente da sua, mas podemos discutir tudo com calma, mais para frente. — Aleksey manteve a mão dele no contorno do rosto de Ivan. — Eu só não vou aceitar que você fale qualquer coisa de Laszlo ou pense que ele tem qualquer ligação com o que aconteceu nos últimos meses. Ele não tem. Tudo o que aconteceu foi culpa minha. Ele só tentou me apoiar. E só estou aqui por causa dele, porque logo antes de ir embora, ele insistiu que eu viesse até vocês! Não tem porque ficar assim.
Ivan assentiu em silêncio, umedecendo os lábios antes de desviar o olhar de Aleksey e desvencilhar-se do seu toque, levantando-se para pegar uma camisa e indo na direção dos sapatos. Aleksey o observou estupefato, sem fazer ideia do que ele estava pensando ou do que faria. O silêncio pesava no cômodo como se Aleksey tivesse falado algum absurdo.
— Eu vou fumar um cigarro e pegar comida. Você quer algo específico? Mangas? Eu corto para você — disse Ivan depois de alguns instantes, enquanto caçava a cigarreira dentro do quarto, encontrando-a na mesa de cabeceira. Apesar das palavras, a voz não tinha nem um décimo do calor que demonstrara mais cedo, tampouco era acompanhada de um dos beijos.
Naquele instante, Aleksey teve certeza de que dissera algo muito errado.
— Pode ser — murmurou ele, e Ivan concordou com a cabeça novamente, sem falar nada, e saiu ao mesmo tempo em que tirava um cigarro da caixinha de prata.
Aleksey ainda estava olhando para a porta quando Morena saiu do banheiro vestida com uma camisola rosada, diferente da que usara quando fora dormir, o cheiro de jasmim do sabonete adentrando o ambiente. Aleksey fechou os olhos, apoiando as costas na cabeceira da cama, perguntando-se como explicaria para ela o que acabara de acontecer. E se ela também ficasse irritada com Aleksey por não tê-los procurado? Se ela achasse que aquilo era sinal de que ele não merecia compartilhar o que acabaram de começar, que Ivan estava certo em seu incômodo? Se ela o expulsasse dali, mandando-o ir para a casa de Laszlo, já que gostava tanto dele, o que ele faria?
— Aleksey? — Ela o chamou em um tom incerto. — Onde está Ivan?
Ele abriu os olhos e ela estava parada ao lado da cama, com a testa franzida e um biquinho pensativo, como se tentasse desvendar o que acontecera enquanto estava tomando banho.
— Ele saiu para fumar — respondeu Aleksey com uma voz fraca.
— Ah. — Morena sentou-se na cama ao lado dele, o olhar vago enquanto parecia processar as informações, e depois ela deu uma risada que pareceu um pouco amarga. — Claro que ele saiu para fumar. O que foi que vocês conversaram?
— Como você sabe…
— Lyosha, só de casamento a gente tem quase sete anos — ela o interrompeu com uma mão. — Mas engraçado, achei que ele não faria isso com você também.
— Eu acho que pedi por isso — admitiu Aleksey, sem conseguir olhar para ela. — Você também vai ficar com raiva.
Morena suspirou audivelmente e apoiou a cabeça no ombro dele. Aleksey não resistiu e estendeu o braço pelos ombros dela, apertando-a contra si. Morena fechou os olhos.
— Você por um acaso cometeu algum ato de extrema traição contra Mièdz ou o meu povo? — questionou ela, e Aleksey gargalhou com a pergunta inesperada. — É sério, vamos lá, vou fazer uma lista do que me faria ficar com raiva de você no nível que você teme. Uma alta traição, você compactuar com aquelas loucuras que o povo às vezes tem e que leva eles a queimarem os distritos Daliashin. Você fazer qualquer coisa que possa colocar Tamara, Ivan ou você mesmo em risco. Você pegar outro primo meu.
— Olha, foi uma vez, e Assad é um homem muito bem-apessoado — Aleksey se defendeu. — Calma, e se for uma prima?
Morena riu, dando um tapa no braço dele.
— Nenhum deles, independente se é homem, mulher ou marid. Minha avó quase me matou e me proibiu de pisar na cidade depois do que você aprontou! — Morena o cutucou, e ele a puxou para perto, beijando-a enquanto os dois riam. — Eu não vou conseguir evitar que ela te mate se você fizer de novo!
— Nossa, como essa viagem foi boa — disse Aleksey, com um suspiro.
A lembrança parecia vívida na memória de Aleksey agora que Morena trouxera à tona: aos dezenove anos, Morena o convidara para passar o festival de Najima em Hadid, a cidade da família dela em Tantalum. Era uma celebração de cinco dias e cinco noites regada a bebida, música e toda sorte de depravação, dedicada a celebrar a vida e a deusa da fertilidade, e ele saíra de casa na manhã do segundo dia e só voltara no último, para o terror de Morena. Também fora quando conhecera as dezenas de pessoas da família de Morena — o pai, Rahim, era o mais velho de cinco irmãos, filho da mais velha de cinco irmãs, e o único que tinha só uma filha. Era impossível andar na cidade sem tropeçar em algum parente, relações que ele sequer conseguia traduzir do bashari para o argoni, e conhecer os templos, os mercados, o porto, e ouvir a história do povo do pai de Morena ao lado dela fora uma experiência incrível. Porém agora, atentara-se a um detalhe do qual nunca tinha se atentado, que deixara de lado como bobagem quando era mais novo: Ivan não estava com eles. Não só isso, mas relembrou os comentários atravessados das tias-avós de Morena, dos desconhecidos achando que ele era o marido de Morena, parabenizando-o equivocadamente por finalmente ter se dignado a conhecer a família da esposa.
Não era possível que aquilo fosse uma regra. Ivan parecia tão dedicado que era impossível considerar que Morena acabar sozinha e confusa, do mesmo jeito que ele ficara, fosse algo extremamente comum. Ivan sequer deveria imaginar que era isso que acontecia. Lembrou-se das dezenas de vezes que a vira adormecer ao lado de Ivan na biblioteca da Azote enquanto ele estudava sua mais nova obsessão, perseguia sua mais nova ideia; do período em que passara com eles, enquanto se recuperava da perna, em que Ivan só aparecia de noite, e Morena passava grande parte dos dias sozinha, resolvendo problema atrás de problema. Das viagens que ela fazia para Shèn Shì, em Xenon, para visitar a família do pai de Ivan, aturando o escrutínio pesado de todos os familiares por ser o mais distante possível de esposa ideal nos parâmetros do país, e dos bailes em que a vira frequentar sozinha no último ano.
Aleksey olhou para a mulher ao seu lado e puxou-a mais contra si, abraçando-a contra o peito, erguendo o rosto dela para tentar decifrar a emoção que via ali. Apesar das gargalhadas, havia preocupação em seu olhar e uma emoção que Aleksey não compreendeu, mas que parecia pesar nos ombros dela e nas feições.
— Ele descobriu que eu estou morando com Laszlo — admitiu Aleksey , e ela soltou um som de surpresa.
— Você está morando com Laszlo de verdade? — Ela perguntou e, por um instante, Aleksey teve medo de que fosse reagir como Ivan, questionando-o, exigindo que tivesse feito algo que nunca conseguiria fazer, não nas condições em que estava, não com a decisão que havia tomado. Só que ela deu o mesmo sorriso que dava toda vez que ouvia uma das fofocas cabeludas que Aleksey trazia para ela, parecendo animada. — Vocês estão sérios assim? Você está gostando? Ele te trata bem?
— Sim, ele me trata bem, Masha — respondeu ele, tentando conter o sorriso, mas não conseguindo, beijando-a novamente. Depois, fechou os olhos, pendendo a cabeça para trás e continuou: — Ele me trata muito bem e tem me ajudado tanto nesse período. Eu nem sei…
Ele balançou a cabeça, deixando a frase pairar no ar, e Morena o encarou por um instante, acariciando a barba dele, perdida em pensamentos.
— Deixa eu adivinhar então… você falou isso, e Ivan se levantou da cama e disse que ia fumar um cigarro?
— Não, ele pareceu… chateado porque eu não fui até vocês quando precisei — explicou Aleksey. — Eu falei para ele que podemos conversar e combinar certinho como vamos ficar no futuro, mas que não ia tolerar que ele achasse qualquer coisa ruim de Laszlo. Depois disso, ele decidiu ir embora.
— Ah, então você falou para ele que deveríamos conversar sobre como nosso relacionamento vai ser? — Morena falou com um tom ácido, e uma risada amarga escapou da boca dela. — Quem é que poderia prever isso, não é mesmo?
— Vocês já falaram sobre isso antes, e ele não quis conversar, é isso? — perguntou Aleksey, surpreso, passando uma mão no cabelo, sentindo-se subitamente ansioso.
— Foi exatamente o assunto que fez ele sair da cabana ontem à noite e te beijar lá fora — disse Morena, soltando Aleksey e cruzando os braços, parecendo se divertir de uma forma meio distorcida com toda a situação. — Não é engraçado? Será que a gente vai sair e encontrar ele fazendo o que dessa vez?
Aleksey ficou em silêncio por um instante, compreendendo as implicações do que ela acabara de dizer. Fazia sentido que eles tivessem brigado logo antes — afinal, ele encontrara Ivan chorando, um acontecimento que ocorria uma vez a cada oitenta anos, como um cometa raro —, mas nunca imaginaria que esse era o motivo da briga. Muito menos consideraria que Ivan agiria daquela forma logo depois de brigar com a própria esposa. Olhou para Morena, ligeiramente maravilhado por ela ter aceitado continuar na noite anterior e sentiu um calor no peito, junto com um nó na garganta quando ponderou o que mais ela teria engolido para não criar conflito.
Antes de Aleksey decidir cortar os laços de vez com os dois, sabia de um ou outro detalhe sobre o casamento deles, ouvia uma ou outra frustração, mas tudo parecia normal e tranquilo, besteiras que todo relacionamento tem para acomodar desejos de duas pessoas diferentes. Era estranho se aproximar ainda mais e perceber que havia mais uma máscara que os dois usavam que talvez sequer percebessem, que era a que usavam um com o outro.
— Talvez eu não esteja sendo tão justa assim com ele — Morena quebrou o silêncio por fim, com um tom um pouco mais inseguro, encolhendo-se mais perto de Aleksey. — Aconteceu uma coisa… Bem, você precisa me prometer que não vai embora se eu te contar isso.
— Eu juro. Eu só vou embora agora se você pedir — prometeu Aleksey, estendendo uma mão para Morena, e ela entrelaçou a mão na dele. — Por que você acha isso?
— No dia da caçada, sua tia me encontrou e conversou comigo — disse Morena, e Aleksey se empertigou, a ideia da esposa de Yakov e Morena no meio do mato em uma caçada causando palpitação. Morena apertou a mão de Aleksey com mais força, como se soubesse o que estava passando na mente dele. — Você prometeu. Eu estou bem. Ela saiu tão assustada que fez um menu especial só para mim e para Veronika na noite passada.
— Ela saiu assustada ou isso é só ela tentando abaixar sua guarda? — perguntou Aleksey de forma um pouco ríspida, e Morena pareceu surpresa por um instante, como se não tivesse considerado aquela possibilidade. — Não importa. O que ela disse?
— Um monte de bobagem que não vem ao caso. Mas me deixou pensando…
— Ela falou sobre Ivan?
— Sim, foram vários absurdos. — Morena balançou a cabeça. — Eu sei que são absurdos. Mas, desde então, eu não consigo parar de ver as rachaduras desse casamento, e elas parecem ficar cada vez mais aparentes, mas só do meu lado. Eu não precisava falar desse jeito ainda agora, não precisava pensar tanto a respeito de tudo. Poderia ponderar melhor como falar sobre as coisas. Talvez Ivan faça isso porque não se sente seguro em compartilhar o que sente comigo e tem medo de como eu vou reagir. E ela fez de propósito, eu sei que fez, mas se não houvesse nenhum problema, eu não estaria me sentindo tão inútil agora. Se eu me esforçasse mais, nada disso estaria acontecendo.
— Morena, tem mais de uma década que você está com Ivan. Você acha mesmo que não encontraria problema nenhum? — Aleksey perguntou, soando urgente. — Não pode ser culpa só sua porque são vocês dois na relação. Se você quer conversar, e ele vai embora, como ele acabou de fazer, a culpa não é sua. Ele fez a mesma coisa comigo! Eu aposto que faz com a mãe dele também. Não escute Nadezhda. Ela só está tentando fazer você cair no joguinho dela, para te induzir a fazer exatamente o que ela quer sem precisar mover um dedo. Você conhece seu marido melhor do que ninguém e melhor do que ela. Não deixe que ela coloque ideias na sua cabeça.
— Eu sei disso tudo, Aleksey, mas é muito mais fácil falar. E tem uma coisa que ela disse enquanto eu estava indo embora que volta e meia eu fico pensando, mas não consigo entender por qual motivo ela teria dito isso e inevitavelmente…
— O que foi?
— Que eu deveria perguntar a Ivan sobre uma pesquisa patrocinada pelo Imperador da qual ele faz parte. Uma loucura, não é?
Aleksey sentiu o sangue gelar e a nuca arrepiar, as palavras puxando quase imediatamente a primeira conversa que tivera com Ivan quando chegara na mansão, logo depois de encontrarem com o mago iridiano no caminho até os jardins. Ele está num projeto de pesquisa do qual faço parte. Não conte para Morena do projeto de pesquisa. É um projeto secreto.
Nadezhda não estava mentindo. Não fora a primeira coisa que Ivan confessara, assim que tivera a oportunidade? Ele só esquecera de adicionar um detalhe.
Era um projeto secreto do Imperador.
O que, na prática, significava que era um projeto secreto de Yakov.
Talvez Ivan não tivesse se esquecido dos detalhes. Talvez só deliberadamente escolhera escondê-los, assim como fizera com a própria esposa.
Aleksey se sentiu um palhaço, um bobo da corte, um macaquinho adestrado que dançara exatamente como seu tio queria apenas para diverti-lo. Todos seus esforços tinham sido em vão. Não fizera diferença nenhuma ele ter se afastado, porque Yakov afundara suas garras ainda mais profundamente nesse período em que estavam distantes. Aleksey conseguia ver claramente isso agora: jogar um segredo entre Morena e Ivan e vê-los implodir lentamente, mês a mês. No final, qualquer suporte que Aleksey pudesse ter estaria completamente destruído e acabado, e ele não poderia fazer nada para impedir ou ver o que estava acontecendo porque cortara seus laços.
Como Ivan se deixara seduzir? Só podia ser algo grande, que vencera o ódio que ele tinha por Yakov. Deveria ser alguma coisa horrenda, se tinha a participação de Irídio, que era reconhecida pela brutalidade e a forma como escravizavam as colônias que dominavam, e apenas as parcelas mais palatáveis foram reveladas aos pesquisadores que aceitavam participar. Não duvidava que fosse algo que feria todas as regras éticas e morais do Sovet e burlasse as diretrizes de segurança que o conselho impunha. Era uma burrice achar que seria inofensivo. Era uma burrice maior ainda aceitar fazer parte daquilo sem antes falar com Morena.
A decepção se misturou com a raiva, deixando um gosto amargo na boca. Como ele ousava ficar irritado com Aleksey por ter feito o que podia para se virar? Por ter buscado apoio onde ele estaria seguro? Enquanto esse tempo todo ele estava escondendo um segredo desse tipo?
— Ah — disse Morena, tirando-o de seu transe. — Ah. Então é verdade.
— Morena… — Aleksey falou, ponderando se guardaria o segredo ou não, só que estava irritado e frustrado demais com tudo aquilo. — Ele me falou assim que chegou aqui, eu não fazia ideia dos detalhes…
— Ah, então ele escondeu de mim e omitiu de você que envolvia seu tio? Que adorável. Incrível, de verdade. — Ela soltou Aleksey bruscamente, levantando-se e andando de um lado para o outro no quarto, como uma pantera enjaulada.
Passou uma mão no cabelo, bufando, e engoliu em seco.
Aleksey ainda estava atordoado, a irritação e a traição que estava sentindo por Ivan ter ousado aceitar fazer qualquer coisa com Yakov se misturando com a sensação de que tudo era culpa sua. Se não tivesse sido tão precipitado, se analisasse tudo com mais calma, não estariam ali. Aleksey teria permanecido ao lado de Ivan e de Morena, e eles o ajudariam e teriam sido ajudados de volta, um protegendo o outro. Estava exausto de se sentir impotente, vítima de todas as vontades de Yakov. Não aguentava mais ser pego de surpresa, cair em armadilhas construídas perfeitamente para que Aleksey se deixasse ser pego sem pensar duas vezes. E, acima de tudo, faria qualquer coisa para não ver Morena sofrer da forma que sofrera ao fim da prova, do jeito que estava sofrendo ali, o dano colateral mais frequente dos planos de Yakov.
— Eu não vou esperar ele voltar. Se eu esperar, vai virar uma coisa muito, muito pior — disse Morena, em um tom decidido. — Se você quiser ir embora comigo, pode aproveitar a carruagem e a companhia até Cinnabar. Se não, avise a Ivan que eu precisei ficar sozinha para pensar um pouco. Pode até falar que eu voltei para casa para fumar, olha que poético.
A fúria dela estava perfeitamente contida atrás daqueles olhos castanhos tempestuosos. Aleksey já vira Morena fazer ameaças e assustar aos outros com sua intensidade, mas era a primeira vez que estava presenciando aquela mudança em primeira mão e sentiu um frio na barriga.
— É claro que eu vou com você, não vou deixar você ir embora sozinha — disse Aleksey por reflexo.
Morena parou onde estava, encarando-o como se não esperasse aquela resposta, piscando algumas vezes. Ele colocou as pernas para fora da cama, voltando a pegar a calça que Ivan jogara para ele mais cedo e vestindo-a lentamente. Morena se aproximou para ajudá-lo, mas ele fez um gesto de que não precisava.
— Vá pedir a carruagem, Masha. A última coisa que nós precisamos é causar um escândalo no meio dessa festa. É exatamente o que meu tio quer, e eu realmente… — Aleksey passou uma mão no rosto mais uma vez. — Há algum motivo para tudo isso, alguma explicação. Ivan não faria…
Morena concordou com a cabeça, vestindo-se com agilidade, sem se preocupar muito em manter a aparência impecável que apresentara nos últimos dias. Quando terminou de prender o cabelo em um rabo de cavalo, ela se aproximou de Aleksey mais uma vez, estendendo uma mão para ele se levantar e o segurou com firmeza ao seu lado, encarando-o com uma expressão séria.
— Vai ficar tudo bem — ela o reassegurou, mas parecia que estava repetindo aquilo mais para si mesma. — E nada disso é culpa sua, Aleksey. Nada. Por favor, não… não…
A voz dela fraquejou, e Aleksey sabia exatamente o que ela estava tentando dizer, pela segunda vez naquela manhã: não vá embora. Ele a puxou contra si e a abraçou, apoiando o queixo na cabeça dela, e Morena afundou o rosto em seu peito, envolvendo-o pela cintura.
— Eu não vou — murmurou ele. — Tudo vai ficar bem. Vamos ficar juntos. Isso eu prometo.
Assim que proferiu aquelas palavras, sentiu uma pontada esquisita, como se algo tivesse mudado no ar, quase como se aquelas fossem as mesmas palavras mágicas dos feitiços antigos. Assim como o sol que nasce todos os dias, Aleksey teve a certeza de que aquilo se tornaria verdade.
Parecia que havia acabado de selar seu destino, para o bem ou para o mal.
Continua…
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CRÉDITOS
Autora: Isabelle Morais
Edição: Laura Pohl e Val Alves
Preparação: Laura Pohl
Revisão: Bárbara Morais e Val Alves
Diagramação: Val Alves
Título tipografado: Vitor Castrillo
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Vocês querem mesmo que eu acredite que tudo vai TERMINAR no próximo capítulo? 😭 Claramente temos um caminhão de assuntos não resolvidos para tratar, estou condenada ao sofrimento. 5⭐