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Olá para você que nos acompanha!
Sei que muitas pessoas estavam esperando ansiosamente pelo retorno da dupla investigadora mais incrível do Pará, então gostaria apenas de acalmar seus corações e avisar que:
A ESPERA ACABOU!
O VEM AÍ FINALMENTE VEIO!
O FIM ESTÁ PRÓ-... Eita, espera aí! O fim não está próximo não! Não me matem, foi apenas a minha empolgação sem limites porque eu, assim como você, amo as formidáveis Gomes e Doyle de todo o coração e tenho muito apreço pela minha vida pelo mundo steampunk de Belém do Grão-Pará que a Giu Yukari Murakami criou. E o mais legal é que você terá a oportunidade de escolher acompanhar Palacete de Memórias por semana ou ler tudo de uma vez ou, melhor ainda, fazer os dois (quem disse que isso não é possível, não é mesmo?).
Você pode baixar o e-book com o compilado da história completa, tanto em PDF não é Pó de Fada! como em EPUB (com a opção do jornalzinho ou sem ele!), apoiando nosso Catarse recorrente como Carteiro Supremo.
Por fim, desejo que sua experiência com o mundo criado pela Giu seja ainda mais incrível do que antes! Então, sem mais delongas, fique com a primeira parte de…
As Formidáveis Gomes & Doyle em Palacete de Memórias!
—
Gostou? Mal pode esperar pelo próximo capítulo? Você pode assinar o Catarse e receber um capítulo adiantado por semana ou receber o e-book compilado com todos os capítulos ao assinar como Carteiro Supremo!
Perdeu algum capítulo? Não se preocupe, você pode ler as noveletters anteriores aqui ou acompanhar as publicações no Tapas ou no Wattpad.
Avisos: esta obra menciona relacionamentos e comportamentos tóxicos, machismo, gaslighting, homicídio, sangue, objetos afiados, agressões física e verbal, e violência doméstica. Alguns capítulos contêm cenas de susto e fazem alusão a conteúdo sexual.
— Impressionante como o É du Norte sempre traz o pior lado da população belenense — comentei com Samantha enquanto ela lixava as unhas após minha leitura da matéria do dia. — Não entendo a agonia diante dessa tragédia. Deixem o casal em paz um tempo! Quem sabe os fantasmas deles não cheguem a um acordo. Só faz dois dias desde o falecimento deles, e os vizinhos juram que o palacete já está se transformando em uma Casa-Amaldiçoada.
— Ah, querida prima, tu deves saber melhor do que ninguém como é pessoas aleatórias envolverem o bedelho onde não são chamadas. — Samantha ergueu os olhos semicerrados em uma expressão quase diabólica naquele rostinho que disputava a verossimilhança com o Cupido. — Briga de casal não se põe sal alheio? Ora, ora, e esse fã-clube teu e de Agatha?
Senti meu rosto esquentar de vergonha. Tentei desviar o foco para o caso principal, mas minha prima não era tão distraída assim. Pigarreei.
— Trata-se de uma associação sem fins lucrativos com uma certa obsessão em Gomes especificamente. — Levantei-me da poltrona próxima minha penteadeira para ajeitar a cama já arrumada, tentando disfarçar meu rubor. — E, claro, meu nome é mencionado porque, veja, foram anos de parceria investigativa.
— Aham, até que vocês resolveram investigar a anatomia uma da outra… — Samantha conferiu as próprias unhas com deboche enquanto eu jogava um dos meus travesseiros em seu rosto. — Ai, Louise! Égua, mana, o que te deu? Falei alguma mentira, por acaso?
— Nós não somos… Eu não… Digo… Nós estávamos apenas emocionadas pelo sucesso da investigação em Sarreguemines. Apenas isso! Dividimos o mesmo aposento por motivos de força maior… O que não vem ao caso.
Samantha deu uma risada divertida.
— Tudo bem, Louise. Eu também estaria nervosa nesse tipo de situação. Afinal, foram anos de amizade esquecidos em uma única noite.
— Não sei do que estás falando. Nossa amizade permaneceu a mesma.
— Sim, certamente. Permaneceste tão igual que, após isso, noivaste com Norberto, e Agatha resolveu aventurar-se com outras parceiras de investigações anatômicas.
C’était trop¹.
— Merde, Samantha! Eu não quero falar sobre Gomes ou qualquer sirigaita que tenha feito parte da vida dela, por favor. Poderíamos apenas agir como boas primas? Já que mencionaste Norberto, que tal questionar-me sobre meu casamento? O arranjo de flores que mamãe escolheu? O vistoso vestido que provarei amanhã? Os macarrons maravilhosos que eu e meu pai degustamos em um dia desses para o buffet? O fato de que Norberto chega hoje para ensaiarmos parte do rito?
— Estou sendo uma boa… Não! Uma ótima prima ao lembrá-la de quem realmente deveria estar na tua cabeça, e garanto, prima não é teu noivo ausente que não sabe nem tua cor favorita ou teu prato favorito!
— Norberto se dedica bastante a esse relacionamento. Ele é bom, gentil e amoroso, e mais do que tudo isso: ele sabe o que quer, que é estar comigo, formar uma família, ao contrário de… Bom, o que quero dizer é que estou satisfeita com nossa relação.
— Dá pra ver.
— Isso foi uma ironia, Samantha?
— De forma alguma, mon cœur² — entoou ela, a última palavra com uma malícia carregada.
Revirei os olhos.
Eu, a Louise do presente, estou tremendamente invocada com a Louise do passado que, em sua jovem ingenuidade, acreditara que desabafar com a prima mais rebelde ajudaria a superar o afastamento quase autoimposto de Gomes. Chegou uma fase de minha vida que minha mente ia do presente aos “e se…” do passado e, para minha irritação, ainda que resignada, Samantha ainda era a única na família que poderia compreender: ela própria foi a mais nova da geração jovem dos Beauregard a dar as costas para a própria mãe — para o horror da minha maman, claro — ao decidir viver desventuras com uma violinista da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz e viajar pelo Brasil para acompanhar as apresentações da namorada. Lamentável que o relacionamento tenha findado três anos depois, mas Samantha nunca reclamou do período que passou longe do lar, voltando para casa com a cabeça erguida, ignorando os comentários alheios e vivendo perigosamente sua tão preciosa liberdade.
Eu admirava Samantha pela coragem de amar sem medida a liberdade, mas, embora aprecie a possibilidade de ser um pássaro sobrevoando uma praça, não consigo imaginar-me perdida em uma floresta, voando sem destino. Prefiro ser um “pássaro na gaiola” — termo que a própria Samantha usou quando desabafei sobre as incertezas de uma relação com Gomes.
— Já que estamos falando em aves… — disse Samantha naquela ocasião. — Lembre-se o que sempre digo por experiência própria: uma andorinha só não faz verão. Em algum momento, só o amor de Norberto não será suficiente.
— Eu o amo — dissera eu. Não era de todo mentira, eu amava seu jeito de me tratar.
Minha prima, àquela época, alguns anos antes, estava com um conjunto preto de maquiagem ao redor dos olhos, um escândalo de moda naqueles tempos. Lembro-me de Samantha usando luvas três quartos de renda preta em sua fase gótica.
— Não, tu amas a segurança que ele te traz. É diferente, acredite em mim… — Samantha deu-me uma piscadela. — Já fui um passarinho na gaiola, é bastante agradável quando te acostumas com pessoas te alimentando todos os dias com afeto. Tens que pensar nos grilhões que te prendem, prima…
Um assovio e um estalo de dedos me tiraram da introspecção momentânea. Samantha sacudia a mão sobre meu rosto enquanto a outra estava apoiada na cintura em seu vestido florido e drapeado — sem dúvida, uma mudança radical de estilo desde aqueles tempos, não pude deixar de notar.
— Não sabia que te chamar de “mon cœur” seria tão divertido assim. — Ela riu, a mão na boca para conter uma gargalhada.
Antes que eu pudesse abrir a boca para pedir que não usasse aquele apelido carinhoso que eu dedicava somente a uma pessoa em particular, a própria Samantha mudou de assunto:
— A propósito, viste o leilão ma-ra-vi-lho-so que Lady Morgana vai fazer? — Seus olhos azuis como os meus quase saltaram das órbitas.
— Leilão? — Cruzei os braços fingindo interesse, aliviada e ansiosa para desviar o foco da conversa, e, ao mesmo tempo, decepcionada por não continuá-la.
— Sim! Acredito que os negócios da vampira socialite não têm dado muito certo, não é? Ouvi dizer que é um leilão privativo, só para pessoas da mais alta sociedade belenense. Entre os utensílios estão alguns artefatos da família Baudelaire, incluindo um livro antigo sobre o preparo de poções com essência de criaturas mágicas.
Franzi o cenho. Havia um caso investigado por Gomes e, por livre e espontânea pressão, eu, em novembro do ano passado, cerca de quatro meses antes daquele alvoroço envolvendo a morte dos Bolognesa. Gomes tinha uma obsessão quase irritante por Lady Morgana, uma das aristocratas de famílias vampiras antigas da Europa. Era uma obsessão que beirava os épicos narrativos de quando um herói precisa ter um antagonista para continuar motivado… Ou um amante ardil e ardent. Entretanto, eu gostava de pensar que essa última hipótese era apenas ciúme velado da minha parte, mas nunca admitiria em voz alta.
Um dos apontamentos de Gomes era, justamente, que Lady Morgana estava por trás do sequestro das fadas, o que para mim não fazia muito sentido, considerando que o criminoso era somente um homem rico com o desejo de manipular a imprensa no sentido de desmentir as matérias sobre suas “traições” para deixar a esposa mais aliviada ao limpar o nome manchado da família.
— Livro antigo sobre confecção de poções com criaturas mágicas… — repeti, desconfiada. — Gomes falou algo a respeito na época. Talvez ela não esteja errada em suas conclusões.
Indiferente à minha introspecção, Samantha continuou:
— Lady Morgana e suas obsessões: livros, perfumes, imóveis chiques… Já viu. E o Palacete Bolognesa está sendo muito disputado, e com os fantasmas, então… Aposto que ela virá ao pregão do casarão!
Dei uma risada nervosa. Se Lady Morgana tivesse qualquer interesse naquele palacete, Gomes não demoraria muito a querer participar daquela investigação com o Delegado Esposito, mesmo que ele não tivesse sido informado sobre tal parceria.
— Esse livro aparentemente é a única relíquia da família sendo leiloada. O resto é tudo de uma viagem que ela fez da Inglaterra para cá na década de 1890. Lembra que nossos pais sempre comentam sobre o ano em que Lady Morgana voltou de viagem, carregando malas gigantes de quinquilharias caríssimas de lá? — Samantha contemplou o teto, pensativa. — Queria ter dinheiro para comprar pelo menos um pente inglês. Fico aborrecida que sejamos descendentes de franceses, e não tenhamos nada além de nome e vocabulário.
— Nossos pais eram oficiais, Samantha, não herdeiros!
— É, essa tradição de casar-se com oficiais bem que podia acabar na sua vez. Não seria perfeito?
— Não entendo, por quê?
— Assim não serei obrigada a casar com um!
Nós rimos. De fato, na família Beauregard havia uma tradição não tão intencional, ou assim acreditávamos, de que as mulheres se casassem com oficiais, fossem militares do exército, da marinha ou da aeronáutica de zepelins. Eu era a décima Beauregard a se casar com um oficial e a terceira a noivar com um da marinha de patente superior. Meu pai, por exemplo, aposentou-se como Capitão do Exército Nortenho.
— Será que detetives contam como oficiais? — Samantha ergueu as sobrancelhas, presunçosa. Fui do riso ao choque e depois à raiva, sentindo o sangue quente subir pelo rosto com a retomada do foco anterior. — Não para ti, claro, afinal, já estás com um Almirante cobiçado. Falo de mim. Quem sabe não possa vir com uma nova modalidade de oficial na família? Eu ado-ra-ria estrear a modalidade investigadora.
E deu uma piscadela que deixava pouca margem para as saliências que Samantha certamente estava pensando.
— Ah, gostarias então de estrear a modalidade de ser um cadáver apodrecido em minha mesa no consultório? — Minha voz soou suave, deixando a frase ainda mais aterrorizadora, dados os olhos arregalados de minha prima.
Antes que ela pudesse rebater, um som de baque nos chamou a atenção. Na janela, o pombo-robô enferrujado de Gomes batia as asas com dificuldade enquanto bicava com força o vidro. Antes que ele fizesse um estrago, abri a janela, deixando-o sobrevoar meu quarto antes de empoleirar-se no batente de minha cama.
— Égua, que isso? — Samantha aproximou-se dele, arrastando um pouco os lençóis.
— É o pombo-robô de Gomes… — Quando notei que ela se aproximava cada vez mais, considerei prudente alertar: — Cuidado, ele pode explodir!
Samantha exasperou-se e arredou-se para longe dele, ficando perto de minha poltrona. O pombo-robô contorceu-se, suas engrenagens enferrujadas soltando um som de esforço que, combinado com a maneira como virava a cabeça em 360 graus, parecia um espécime de criatura demoníaca.
— Esquece o que eu disse sobre Gomes ser seu par ideal — Samantha disse em desespero ao apertar a manga do meu vestido. Bufei de tanto segurar o riso.
— P-Prezzzada Louui-sse! — O pombo-robô soltou em um som quebrado.
— Estás falando!
— Minha Nossa Senhora de Nazaré, e ainda fala! — Samantha apertou ainda mais meu braço, fazendo sinal da cruz.
— Aquiii queem faa-laa é Gooo-meess.
— Oh! — Meu queixo caiu de surpresa. — Como assim?
— Puuxxa o bicc-co.
— Puxa o pino? — Aproximei-me para verificar.
— Bic-co.
— Ah, sim. — Peguei a parte de cima do bico que estava emperrando uma placa próxima dos olhos em caleidoscópios do pombo e, então, puxei. O robô começou a se contorcer até dar um salto, as asas alongando-se como em alívio.
— Maravilha, minha cara Louise! — A voz de Gomes, misturada a ruídos, soou do bico do pombo. O som saía como se ela estivesse atrás de um conjunto de engrenagens.
— Que interessante! — Samantha aproximou-se e parou atrás de mim. — Oi, Gomes. Lembras de mim, meu bem?
— Ah, perfeitamente, minha cara Samantha. Quanta honra poder revê-la… Ou melhor, escutá-la.
— Que sensacional sua nova engenhoca! — admirou-se Samantha. Eu mesma estava admirada, contrariando meu instinto de sobrevivência gritando “fique longe disso”, devido a experiências traumáticas.
— É um protótipo de comunicação sem necessidade de uso de cartas. Estou aprimorando para que o Theobaldo adquira uma forma mais portátil, inclusive para que eu o leve no bolso.
— Theobaldo? — ri.
— Sim, tal como gostarias de chamar um filho teu. Recordo-me do teu nome favorito.
Revirei os olhos.
— Gomes, não é “Theobaldo”! É Thibault.
— Theobaldo é Thibault. São equivalentes. “Thibault” é francês e “Theobaldo” é português — respondeu Gomes, teimosa. — Precisamos descolonizar o nome dele!
Samantha gargalhou.
— Theobaldo foi demais até para mim! Que gosto horrível, Louise!
— Estás correta. Nem nome, nem noivo Louise sabe escolher.
— Ah, sem sombra de dúvidas — concordou Samantha. — Talvez o único bom gosto dessa minha adorada prima tenha sido ser sua parceira de investigação… — Ela cutucou-me, dando uma piscadela.
— Eu diria “a vaga está disponível”, mas tenho duas observações: a primeira é que, considerando que vocês estão juntas no mesmo recinto, é capaz de o Delegado Astrogildo ter que se dividir em dois para investigar não apenas o possível homicídio duplo do casal Bolognesa, como também um possível caso de homicídio cometido por uma médica contra a própria prima…
Dei um olhar à Samantha confirmando exatamente o que Gomes queria dizer.
— A segunda observação é que preciso de Louise, então, não posso flertar com a prima dela.
— Como é que é? — vociferei, indignada.
— Flerte profissional, mon cœur.
— Que seja… — Suspirei, cansada dos joguinhos das duas. — Para que precisas de mim, Agatha? — Senti uma leve cotovelada na barriga e olhei rapidamente para Samantha. Ela continuaria a demandar minha atenção até finalmente tê-la.
— Agatha? — Samantha repetiu o nome de Gomes em um sussurro, erguendo as sobrancelhas várias vezes com um significado por trás do gesto que eu só poderia supor como implicância. Ao perceber que não dei atenção, virou-se para o “Theobaldo”. — Posso te chamar de Agatha também, Gomes?
— Claro que sim! — respondeu Gomes, simpática até demais.
— Ah, e mon cœur também? — Samantha cavou a própria sepultura e deu uma risada com meu olhar sobre ela.
— Já chega! — Intervim antes que realmente cometesse um homicídio. — Gomes, do que precisa?
Gomes deu uma risada bem-humorada, como se tivesse visto o que acabara de ocorrer, e observei aquela parafernália voadora com mais atenção, tentando descobrir se realmente não existia nenhum mecanismo suspeito que pudesse fazer com que ela visse nossos semblantes.
— Objetiva e assertiva, como sempre amei! — disse Gomes, fazendo-me corar. Samantha uniu as mãos e fez um beicinho, como se visse uma cena romântica de um filme. — Bom, cara Louise, desconsidero importante reiterar tamanha comoção que está tendo a investigação no Palacete do Dr. Bolognesa pelo medo da população do centro urbano em conviver com uma Casa-Amaldiçoada, já pensou? Ah, as burocracias de se conviver com um local de personalidade tão sui generis é de deixar qualquer um preocupado. Pois bem, por esse motivo, fui convidada pelo Delegado Astrogildo a tentar adentrar a residência e verificar o que gerou o falecimento do casal, descobrir os grilhões que os prendem a este mundo para depois tentarmos convencê-los a sair e, enfim, disponibilizar o palacete para o pregão popular. Eu, honestamente, pensei em recusar, porque tenho algumas consultas médicas marcadas devido ao excesso de cafeína, aparentemente, mas… Maria Bernadete, lembra dela?
Reprimi um gemido de descontentamento. Era óbvio que eu lembrava da admiradora assumida de Gomes, que conhecemos durante a investigação dos desaparecimentos das fadas na Praça da República.
— Pois bem, recebi inúmeras cartas dela e de outros admiradores nossos, por assim dizer, então pensei: “Ora, nunca mais vi Louise, e meu coração padece de sua ausência, então, por que não convidá-la a se aventurar em mais uma descoberta?” — Novamente um rubor cobriu o meu rosto, intensificado pela risadinha contida de Samantha. — Para deixá-la mais tranquila, deixo claro que não estaríamos cometendo nenhuma infração. A equipe do Delegado Astrogildo ainda não conseguiu entrar, por conta da morosidade do Poder Judiciário, que ainda não abriu a exceção aos direitos fantasmagóricos. Neste caso, então, por ordem do delegado, obtive alguns banhos-de-cheiro que vão nos ajudar a ingressar no Palacete sem que os fantasmas dos Bolognesa percebam nossa presença. Então, Louise, daria a honra de ser minha companheira em mais uma aventura?
Ao meu lado, Samantha suspirou apaixonadamente enquanto punha um dos braços em meu ombro.
— Agatha é tão romântica, Louise! Até te propôs!
Meu cérebro ainda estava processando todas as informações, desde o fato de recebermos ajuda das fadas para investigar o palacete, o que denotava profunda gratidão pelo que fizemos, até o alcance midiático, assustador, do clube de admiradores presidido por Maria Bernadete. No entanto, apesar de todos aqueles fatos, um deles mais me chamou a atenção, causando-me um reboliço de raiva que me constrangeria se não fosse um sentimento irracional:
— Agatha… Como assim está indo a consultas médicas e a médica não sou eu?
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¹ “Foi demais” (tradução livre).
² “Meu coração” (tradução livre).
Continua…
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CRÉDITOS
Autora: Giu Yukari Murakami
Edição: Bárbara Morais e Val Alves
Preparação: Val Alves
Revisão: Gabriel Yared
Diagramação: Val Alves
Créditos do jornal fictício: a foto do Palacete Bolonha, em Belém do Pará, utilizada no jornal fictício “É du Norte” foi retirada do site da Agência Belém pelo fotógrafo Fernando Sette e editada pela Val Alves. A foto da mulher vitoriana, editada pela Val Alves e utilizada no jornal fictício “É du Norte”, pode ser encontrada gratuitamente no Pixabay.
Título tipografado: Fernanda Nia
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A próxima Noveletter, com a Parte II de As Formidáveis Gomes & Doyle em Palacete de Memórias, sairá no dia 27/07.
Parte I - As Formidáveis Gomes & Doyle em Palacete de Memórias!
A Gomes habita numa linha muito tênue entre "que lindo ela é aberta com seus sentimentos" e "insistente num nível creepy". Mas entre as duas eu tenho 100% de certeza que é a Louise que cometeria um homicídio, e digo mais: ela nunca seria pega 🤣